Eu já vinha pensando em fazer uma série, aqui no blog, de textos específicos sobre as principais autoras da Tealogia e, hoje, decidi começar. A primeira dessa série será Patrícia 'Iolana, uma acadêmica da área da Religion Studies (aqui no Brasil, Ciências da Religião) muito importante para o desenvolviento da área da Tealogia a nível mundial.
Sua jornada acadêmica:
Em 1993, fez escola técnica (AA) em Artes Liberais (com honras) no Colégio Comunitário do Hawaii.
Em 1995, entrou no Bacharelado (BA) em Inglês e Artes Cênicas pela Universidade do Norte do Colorado.
Em 2008, entrou no Mestrado (MA) em Humanidades na Universidade Estadual da California.
Em 2016, começou seu Doutorado (PhD) em Literatura, Teologia e Artes na Universidade de Glasgow na Escócia.
A carreira de pesquisa de Patrícia é realmente impressionante, além de suas produções paralelas, artigos e livros sobre o Divino Feminino. Sua Monografia (dissertação de Mestrado) foi sobre o Sagrado Feminino na Literatura, intitulada Literature of the Sacred Feminine: Great Mother Archetypes and the Re-emergence of the Goddess in Western Traditions. Sua dissertação virou sua única obra à venda nas grandes plataformas de livros:
Na pesquisa de Doutorado, ela adentrou na TEALOGIA em si, mais epecificamente como a teoria Junguiana e Pós-junguiana contribuiram para o desenvolvimento do "movimento da Deusa no Ocidente". Ela hoje se classifica como uma "Teáloga Profunda", a qual combina psicologia analítica pós-junguiana com a Tealogia (ou discurso sobre a Deusa), pois o foco de Patrícia são as experiências pessoais e ela as aborda a partir de uma perspectiva psicodinâmica chamada "Tealogia das Profundezas".
De 2009 a 2015, ela foi membro bastante ativa da Beltane Fire Society, sediada em Edimburgo, na Escócia. Patrícia 'Iolana também é uma Reverenda, Ministra pagã ordenada, e defensora do movimento inter-religioso.
Patrícia organizou revistas sobre Tealogia:
(2011) Testing the Boundaries: Self, Faith, Interpretation and Changing Trends in Religious Studies (Testando os limites: eu, fé, interpretação e tendências de mudança nos estudos religiosos).
(2011) Goddess Thealogy: An International Journal for the Study of the Divine Feminine (Tealogia da Deusa: Um periódico internacional para o estudo do Divino Feminino).
Trabalhos como Autora contribuinte (Revisora em pares):
(2018) Jung’s Legacy: The Western Goddess Movement, publicado na revista Spaces of Spirituality. Tradução: O Legado de Jung: O Movimento Ocidental da Deusa.
(2017) Coming Home to Goddess, publicado no livro eletrônico Celebrating Seasons of the Goddess (No Mago Books). Tradução: Voltando para casa com a Deusa.
(2016) 21st Century Ministry: The Importance of Interfaith and Intrafaith Dialogue in Modern Goddess-centred Faith Traditions, no livro de Karen Tate Goddess 2.0: A New Path Forward. Tradução: Ministério do Século XXI: A Importância do Diálogo Inter-religioso e Intra-religioso nas Tradições de Fé Modernas Centradas na Deusa.
(2016) Goddess: The ‘Angel of Light’, no livro eletrônico She Rises: How Goddess Feminism, Activism and Spirituality (Mago Books). Tradução: Deusa: O ‘Anjo da Luz’.
(2012) Divine Immanence: A Psychodynamic Study in Women’s Experience of Goddess, publicado na revista Claremont Journal of Religion. Tradução: Imanência Divina: Um Estudo Psicodinâmico da Experiência Feminina com a Deusa.
(2012) The Sublime and the Profane: A Thealogical Account of Psychometric Experiences within a Sacred Space, na revista Paranthropology: Journal of Anthropological Approaches to the Paranormal. Tradução: O Sublime e o Profano: Um Relato Tealógico de Experiências Psicométricas em um Espaço Sagrado.
Tem os artigos que Patrícia 'Iolana escreveu com Angela Hope, para a revista que a própria Patrícia organizou, Goddess Thealogy: An International Journal for the Study of the Divine Feminine, já citada anteriormente, tais como (2011) Footsteps on the Path to Experiencing the Feminine Divine: A Phenomenological Account of a Collective Thealogical Journey in Academia (Passos no Caminho para a Experiência do Divino Feminino: Um Relato Fenomenológico de uma Jornada Tealógica Coletiva na Academia); e Thealogy: Mapping a Fluid and Expanding Field (Tealogia: Mapeando um Campo Fluido e em Expansão).
Tem seus artigos publicados na outra revista organizada por Patrícia, também já mencionada, Testing the Boundaries: Self, Faith, Interpretation and Changing Trends in Religious Studies, a saber: (2011) Introduction (Introdução); Self Image: Re-imaging the Self and the Divine (Autoimagem: Reimaginando o Eu e o Divino); Radical Images of the Feminine Divine: Women’s Spiritual Memoirs Disclose a Thealogical Shiſt (Imagens radicais do divino feminino: memórias espirituais femininas revelam uma mudança tealógica); e Changing Trends: Moving Beyond Traditional Boundaries (Tendências em mudança: indo além das fronteiras tradicionais).
(2006) Tutu Pele: The Living Goddess of Hawai’i’s Volcanoes, publicado na revista Sacred History Magazine. Tradução: Tutu Pele: A Deusa Viva dos Vulcões do Havaí.
Infelizmente, os trabalhos de Patrícia estão todos em inglês, nenhum livro dela, revista ou livro o qual ela tenha participado foi traduzido para o português (ainda, pois estou me organizando para fazer resenhas das obras dela para publicar hehehe). Mas para os que conseguem ler o idioma, eu super recomendo, pois o trabalho dela é incrível, na verdade, um espetáculo, principalmente para buscadores da Tealogia. E para os que não conseguem ler em inglês, existem bons sites que traduzem artigos completos.
A maioria dos artigos e revistas de 'Iolana são gratuitos e estão disponíveis em PDFs nas páginas da internet, especialmente no academia.edu, no link: https://glasgow.academia.edu/PatriciaIolana
Seu livro sobre Sagrado Feminino e Literatura está disponível em sites de venda e os Ebooks do MagoBooks (Celebrating Seasons of the Goddess e She Rises) também são pagos, no link: https://www.magobooks.com/she-rises-vol-2/
Espero que meu breve resumo do trabalho desta brilhante teáloga possa ter ajudado aos buscadores e estudiosos da Tealogia. Até breve!
Texto de Lídia Valle ~
#Tealogia #Thealogy #Deusa #Goddess #divinofeminino #femininedivine #deusas #goddesses #cienciasdareligiao #religionstudies #PatriciaIolana #Jung
Tealogia - Ciências da Religião
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
quarta-feira, 18 de junho de 2025
Tealogia - breve histórico do termo, seu significado e princípios básicos!
O termo Tealogia trata-se de um neologismo, que vem do grego Thea = Deusa e Logia = estudo, razão, princípios. Sendo assim, Tealogia pode ser traduzida como estudo da Deusa, mas também pode ser entendida como ação divina da Deusa no mundo e princípios éticos seguidos por seus devotos.
Trata-se de um conceito cunhado na década de 70, mais especificamente em 1974, em textos do cantor e escritor neo-druida Isaac Bonewits, intitulados The Druid Chronicles – Evolved, onde ele provavelmente usou o termo "thealogian" para se referir ao autor wiccano Aidan Kelly, o qual pode ter sugerido o termo para ele ou vice versa. Apesar de diversos sites alegarem tal informação, não é nada fácil encontrar esses textos de Isaac, tendo em vista que eram revistas impressas da década de 40, que provavelmente nunca foram digitalizadas, existem apenas relatos na internet de sua existência. Entretanto, na primeira edição revisada de seu livro Real Magic (1971, 1979, 1989), de 1979, é possivel encontrar o termo facilmente, pois Isaac Bonewits definiu Tealogia em seu Glossário como "Especulação intelectual sobre a natureza da Deusa e Suas relações com o mundo em geral e os humanos em particular; explicações racionais de doutrinas religiosas, práticas e crenças [femininas], que podem ou não ter conexão com qualquer religião específica, nem como tal seja concebida e praticada pela maioria de seus membros” (BONEWITS, 1989, p. 268).
O que se observa é que Isaac se limitou a colocar o termo com uma explicação bem resumida apenas no Gloissário de seu livro, nas ultimas páinas apenas, ou seja, ele foi o precursor da terminologia, como observador de algo que estava acontecendo ao seu redor, mas parou por aí mesmo. As questões centrais da Tealogia, todavia, foram amplamente desenvolvidas por autoras posteriores, tais como Naomi Goldenberg, Rita Nakashima Brock, Charlotte Caron, Melissa Raphael e Carol P. Christ, entre outras autoras que citaram a respeito do desenvolvimento da Tealogia. O que TODAS elas tinham em comum era sua formação, a saber: a TeOlogia. Elas eram teólogas de formação, começaram a flertar com a teologia feminista, até culminarem no movimento que elas mesmas estavam criando: a TEALOGIA.
O interessante é que Naomi Goldenberg também é formada em Religious Studies (que aqui no Brasil, chamamos Ciências da(s) Religião(ões)). Sua formação acadêmica permitiu que ela fizesse uma leitura crítica e conceitual do movimento da Deusa que estava ocorrendo nos EUA, e em outros países, na época, sistematizando-as em seu livro de 1979 Changing of the Gods - feminism & the end of traditional religions. Nesta obra, ela dedica um breve tópico para explicar a Tealogia através da natureza tríplice da Deusa. Nada muito novo do que já se ouve falar sobre a Deusa desde o início de seu movimento tanto na literatura quanto na Bruxaria Moderna, porém, o terreno da Tealogia já estava "arado" a partir de então, para suas sementes serem plantadas. Sua página: https://naomigoldenberg.com/
A teóloga protestante norte-americana Rita Nakashima Brock, em seu artigo de 1989, On Mirrors, Mists and Murmurs: Toward an Asian American Thealogy, usou o termo Tealogia de forma inovadora, ao afirmar que desenvolveu uma “Tealogia do sofrimento, comunidade e cura”, a partir de várias fontes religiosas e espirituais (Budismo, Cristianismo, Paganismo, etc.), as quais são costuradas e interpretadas pelas vivências e experiências de vida das mulheres, trocadas nesses encontros.
Em 1993, a teóloga canadense Charlotte Caron da Tealogia publicou a obra To Make and Make Again: Feminist Ritual Thealogy. Em sua obra, ela desenvolve uma grande discussão sobre o tema, enuncia os métodos e características da Tealogia, além de sugerir diversas formas rituais, motivadoras de novas atitudes sociais, para as mulheres vivenciarem essa espiritualidade.
Em 1996, a teóloga judia inglesa Melissa Raphael publicou Thealogy and Embodiment: the post-patriarchal reconstruction of female sacrality. Melissa discute sobre a relação da Tealogia com a corporeidade humana, em especial os trabalhos/atributos considerados "femininos" (e tece suas críticas), o tabu da menstruação e as cosmogonias advindas do útero.
A autora também escreveu Introducing Thealogy: Discourse On The Goddess em 1999. Neste livro, Melissa traz a história política da Tealogia, sua relação com o movimento feminista e a Teologia feminista, bem como o distanciamento posterior da Tealogia desses movimentos. Discute também a ética na Tealogia, o Ecofeminismo, o bem e o mal na Tealogia e o lugar do homem na Tealogia.
Carol P. Christ também era teóloga judia e já havia usado o termo em sua obra Laughter of Aphrodite: reflections on a journey to the goddess em 1987. Carol P. Christ lançou vários outros livros sobre o tema, ao longo de sua vida, e tornou-se uma das principais autoras da Tealogia, entre eles estão: Rebirth of the goddess (1997), She Who Changes (2003), A Serpentine Path: Mysteries of the Goddess (2016) e Goddess and God in the World: Conversations in Embodied Theology (2016).
No livro Rebirth of the goddess (1997), traduzido recentemente para o português como o Renascimento da Deusa, em 2024, pela editora Goya (Aleph), Carol discute a Tealogia de forma profunda. Ela traz também os significados da Deusa, as evidências do passado, a resistência acadêmica em avançar nos seus estudos, bem como traz discussões éticas da Tealogia, a Teia da vida, a Mãe-Terra como organismo vivo e consciente (hipótese Gaia), cooperação e preservação ambiental, o lugar da humanidade nessa teia, vida após a morte, e a importância da preservação das imagens politeístas da Deusa para fomentar o respeito a diversidade dos grupos humanos.
Percebe-se que o termo Tealogia começou a ser “forjado” a partir das vivências das mulheres em grupos comunitários de apoio mútuo e, também, de reflexões dentro da própria academia. As autoras, na sua totalidade acadêmicas, começaram a buscar nas fontes arqueológicas, antropológicas, mitológicas e simbólicas algo que melhor representasse aquilo que as mulheres viviam e narravam em suas reuniões femininas guiadas pelo conceito divino de Deusa. A crença na Deusa já existia em outros grupos neopagãos, na Bruxaria Moderna, etc., entretanto foi expandida e delineada na Tealogia. Nota-se, então, que a Tealogia trata-se de um movimento filosófico, nascido da experiência, mas também de mulheres ligadas a instituições de ensino de Teologia e Ciências da Religião. Dessa forma, tem as características de buscar responder/refletir acerca dos mistérios da vida, a ética, nossa relação com o mundo e as formas de nutrir um novo estilo vida.
Baseado no primeiro livro de Tealogia traduzido para o português, o Renascimento da Deusa, de Carol P. Christ (o original foi publicado em 1997), sintetizei os principais princípios da Religião da Deusa desenvolvidos por Carol. Uma das características básicas de sua obra é se basear no Imaginário da Deusa pré-histórica, defendida por alguns arqueólogos e estudiosos, como James Mellaart, Marija Gimbutas, Riane Eisler, etc., a qual foi batizada por Gimbutas como Deusa da Vida, Morte e Renascimento. As sociedades pré-históricas, em especial as neolíticas, tinham uma formatação menos bélica, mais agricultora, comunitárias e centradas nos ciclos soli-lunares. Desse modo, a Tealogia de Carol Christ está mais ligada a esse momento do feminino divino do que necessariamente nas deusas do politeísmo tardio, onde os deuses celestres patriarcais já estavam no topo da hierarquia. Segue, então, os princípios básicos da Tealogia em Renascimento da Deusa:
Culto à Mãe - Terra e à outras faces da Deusa: Carol P. Christ (1997) afirma que no pensamento da Tealogia, devido ao foco no divino feminino, no culto à Mãe-Terra e na materialidade, trata-se de uma espiritualidade prática, voltada também a vida imanente e material, à nutrição da vida na Terra, preservação ecológica e, também, à ampliação da visão dos papéis femininos na sociedade, haja vista a diversidade de deusas e arquétipos femininos possíveis mesmo na lógica unificadora de Deusa.
Culto à Teia da Vida e a interdependência de todos: Dessa forma, volta-se a entender toda a TEIA da VIDA como sagrada (a própria Deusa). Todas as plantas, animais e elementos da natureza passam a fazer parte do corpo espiritual tealógico, e todos esses seres estão conectados em interdependência na teia. A experiência mística ocorrerá, então, na vivência da comunidade, na preservação do planeta e em relações saudáveis.
É um sistema Panenteísta e Politeísta: Carol (1997) define que “a mente da Deusa é uma energia animadora que permeia o corpo do mundo e que permite que tudo [...] converse entre si, e que indivíduos conversem com o todo.” Esse conceito animista da Deusa não impede o culto através do Politeísmo, pois entende-se que os deuses são personalidades individuais, inseridos na Teia da Vida, e vitais para o ecossistema espiritual. A preservação do Politeísmo e de seus diversos rituais culturais diferentes é essencial para nos ensinar sobre respeito a diversidade.
Baseia-se no pensamento corporificado e na experiência pessoal: Carol P. Christ (1997) define que a Tealogia começa com a experiência pessoal, sua relação com o corpo, com os outros e a vida. Pois existe uma sabedoria profunda na corporeidade: as emoções, os insights, a mística do amor, do erótico e do prazer de viver. Uma espiritualidade que preserve e nutra a vida (planeta) só ocorrerá com a revalorização do corpo-matéria.
Acredita na mutabilidade do divino: Carol (1997) alega que as religiões patriarcais criaram uma ideia de divino transcendental, retirado da matéria e imutável. Segundo ela, nessa ideia reside grande perigo, pois tudo que é mutável foi considerado uma ameaça, como a Lua, a mulher e as estações. Os deuses na Tealogia são mutáveis, morrem e renascem com os ciclos. Dançam, trazem êxtase, alegria e confiança na matéria.
Propõe a dissolução do dualismo clássico: A Tealogia propõe uma dissolução do dualismo clássico, criado pela filosofia masculina européia, a qual prega o antagonismo entre corpo e mente, masculino e feminino, luz e sombra, bem e mal, espírito e matéria. A Tealogia acredita que não há antagonismo entre essas categorias, e que uma visão unificada e holística trará cura a todos.
Prega a possibilidade de um sistema social pacífico e libertário: Segundo Carol (1997), a Tealogia propõe, enfim, um sistema pacífico e libertário, pautado no respeito à Terra, à todos os povos, à todos os deuses, à homens e mulheres, e à todos os seres/consciências (animais, vegetais e minerais). No conhecimento animista da Teia da Vida, cada território deve ser preservado, com suas tradições, numa relação de interdependência, cooperação e amizade.
Texto de Lídia M. da C. Valle
Mestra e Doutoranda em Ciências das Religiões, pela UEPA e UFPB respectivamente.
Trata-se de um conceito cunhado na década de 70, mais especificamente em 1974, em textos do cantor e escritor neo-druida Isaac Bonewits, intitulados The Druid Chronicles – Evolved, onde ele provavelmente usou o termo "thealogian" para se referir ao autor wiccano Aidan Kelly, o qual pode ter sugerido o termo para ele ou vice versa. Apesar de diversos sites alegarem tal informação, não é nada fácil encontrar esses textos de Isaac, tendo em vista que eram revistas impressas da década de 40, que provavelmente nunca foram digitalizadas, existem apenas relatos na internet de sua existência. Entretanto, na primeira edição revisada de seu livro Real Magic (1971, 1979, 1989), de 1979, é possivel encontrar o termo facilmente, pois Isaac Bonewits definiu Tealogia em seu Glossário como "Especulação intelectual sobre a natureza da Deusa e Suas relações com o mundo em geral e os humanos em particular; explicações racionais de doutrinas religiosas, práticas e crenças [femininas], que podem ou não ter conexão com qualquer religião específica, nem como tal seja concebida e praticada pela maioria de seus membros” (BONEWITS, 1989, p. 268).
O que se observa é que Isaac se limitou a colocar o termo com uma explicação bem resumida apenas no Gloissário de seu livro, nas ultimas páinas apenas, ou seja, ele foi o precursor da terminologia, como observador de algo que estava acontecendo ao seu redor, mas parou por aí mesmo. As questões centrais da Tealogia, todavia, foram amplamente desenvolvidas por autoras posteriores, tais como Naomi Goldenberg, Rita Nakashima Brock, Charlotte Caron, Melissa Raphael e Carol P. Christ, entre outras autoras que citaram a respeito do desenvolvimento da Tealogia. O que TODAS elas tinham em comum era sua formação, a saber: a TeOlogia. Elas eram teólogas de formação, começaram a flertar com a teologia feminista, até culminarem no movimento que elas mesmas estavam criando: a TEALOGIA.
O interessante é que Naomi Goldenberg também é formada em Religious Studies (que aqui no Brasil, chamamos Ciências da(s) Religião(ões)). Sua formação acadêmica permitiu que ela fizesse uma leitura crítica e conceitual do movimento da Deusa que estava ocorrendo nos EUA, e em outros países, na época, sistematizando-as em seu livro de 1979 Changing of the Gods - feminism & the end of traditional religions. Nesta obra, ela dedica um breve tópico para explicar a Tealogia através da natureza tríplice da Deusa. Nada muito novo do que já se ouve falar sobre a Deusa desde o início de seu movimento tanto na literatura quanto na Bruxaria Moderna, porém, o terreno da Tealogia já estava "arado" a partir de então, para suas sementes serem plantadas. Sua página: https://naomigoldenberg.com/
A teóloga protestante norte-americana Rita Nakashima Brock, em seu artigo de 1989, On Mirrors, Mists and Murmurs: Toward an Asian American Thealogy, usou o termo Tealogia de forma inovadora, ao afirmar que desenvolveu uma “Tealogia do sofrimento, comunidade e cura”, a partir de várias fontes religiosas e espirituais (Budismo, Cristianismo, Paganismo, etc.), as quais são costuradas e interpretadas pelas vivências e experiências de vida das mulheres, trocadas nesses encontros.
Em 1993, a teóloga canadense Charlotte Caron da Tealogia publicou a obra To Make and Make Again: Feminist Ritual Thealogy. Em sua obra, ela desenvolve uma grande discussão sobre o tema, enuncia os métodos e características da Tealogia, além de sugerir diversas formas rituais, motivadoras de novas atitudes sociais, para as mulheres vivenciarem essa espiritualidade.
Em 1996, a teóloga judia inglesa Melissa Raphael publicou Thealogy and Embodiment: the post-patriarchal reconstruction of female sacrality. Melissa discute sobre a relação da Tealogia com a corporeidade humana, em especial os trabalhos/atributos considerados "femininos" (e tece suas críticas), o tabu da menstruação e as cosmogonias advindas do útero.
A autora também escreveu Introducing Thealogy: Discourse On The Goddess em 1999. Neste livro, Melissa traz a história política da Tealogia, sua relação com o movimento feminista e a Teologia feminista, bem como o distanciamento posterior da Tealogia desses movimentos. Discute também a ética na Tealogia, o Ecofeminismo, o bem e o mal na Tealogia e o lugar do homem na Tealogia.
Carol P. Christ também era teóloga judia e já havia usado o termo em sua obra Laughter of Aphrodite: reflections on a journey to the goddess em 1987. Carol P. Christ lançou vários outros livros sobre o tema, ao longo de sua vida, e tornou-se uma das principais autoras da Tealogia, entre eles estão: Rebirth of the goddess (1997), She Who Changes (2003), A Serpentine Path: Mysteries of the Goddess (2016) e Goddess and God in the World: Conversations in Embodied Theology (2016).
No livro Rebirth of the goddess (1997), traduzido recentemente para o português como o Renascimento da Deusa, em 2024, pela editora Goya (Aleph), Carol discute a Tealogia de forma profunda. Ela traz também os significados da Deusa, as evidências do passado, a resistência acadêmica em avançar nos seus estudos, bem como traz discussões éticas da Tealogia, a Teia da vida, a Mãe-Terra como organismo vivo e consciente (hipótese Gaia), cooperação e preservação ambiental, o lugar da humanidade nessa teia, vida após a morte, e a importância da preservação das imagens politeístas da Deusa para fomentar o respeito a diversidade dos grupos humanos.
Percebe-se que o termo Tealogia começou a ser “forjado” a partir das vivências das mulheres em grupos comunitários de apoio mútuo e, também, de reflexões dentro da própria academia. As autoras, na sua totalidade acadêmicas, começaram a buscar nas fontes arqueológicas, antropológicas, mitológicas e simbólicas algo que melhor representasse aquilo que as mulheres viviam e narravam em suas reuniões femininas guiadas pelo conceito divino de Deusa. A crença na Deusa já existia em outros grupos neopagãos, na Bruxaria Moderna, etc., entretanto foi expandida e delineada na Tealogia. Nota-se, então, que a Tealogia trata-se de um movimento filosófico, nascido da experiência, mas também de mulheres ligadas a instituições de ensino de Teologia e Ciências da Religião. Dessa forma, tem as características de buscar responder/refletir acerca dos mistérios da vida, a ética, nossa relação com o mundo e as formas de nutrir um novo estilo vida.
Baseado no primeiro livro de Tealogia traduzido para o português, o Renascimento da Deusa, de Carol P. Christ (o original foi publicado em 1997), sintetizei os principais princípios da Religião da Deusa desenvolvidos por Carol. Uma das características básicas de sua obra é se basear no Imaginário da Deusa pré-histórica, defendida por alguns arqueólogos e estudiosos, como James Mellaart, Marija Gimbutas, Riane Eisler, etc., a qual foi batizada por Gimbutas como Deusa da Vida, Morte e Renascimento. As sociedades pré-históricas, em especial as neolíticas, tinham uma formatação menos bélica, mais agricultora, comunitárias e centradas nos ciclos soli-lunares. Desse modo, a Tealogia de Carol Christ está mais ligada a esse momento do feminino divino do que necessariamente nas deusas do politeísmo tardio, onde os deuses celestres patriarcais já estavam no topo da hierarquia. Segue, então, os princípios básicos da Tealogia em Renascimento da Deusa:
Culto à Mãe - Terra e à outras faces da Deusa: Carol P. Christ (1997) afirma que no pensamento da Tealogia, devido ao foco no divino feminino, no culto à Mãe-Terra e na materialidade, trata-se de uma espiritualidade prática, voltada também a vida imanente e material, à nutrição da vida na Terra, preservação ecológica e, também, à ampliação da visão dos papéis femininos na sociedade, haja vista a diversidade de deusas e arquétipos femininos possíveis mesmo na lógica unificadora de Deusa.
Culto à Teia da Vida e a interdependência de todos: Dessa forma, volta-se a entender toda a TEIA da VIDA como sagrada (a própria Deusa). Todas as plantas, animais e elementos da natureza passam a fazer parte do corpo espiritual tealógico, e todos esses seres estão conectados em interdependência na teia. A experiência mística ocorrerá, então, na vivência da comunidade, na preservação do planeta e em relações saudáveis.
É um sistema Panenteísta e Politeísta: Carol (1997) define que “a mente da Deusa é uma energia animadora que permeia o corpo do mundo e que permite que tudo [...] converse entre si, e que indivíduos conversem com o todo.” Esse conceito animista da Deusa não impede o culto através do Politeísmo, pois entende-se que os deuses são personalidades individuais, inseridos na Teia da Vida, e vitais para o ecossistema espiritual. A preservação do Politeísmo e de seus diversos rituais culturais diferentes é essencial para nos ensinar sobre respeito a diversidade.
Baseia-se no pensamento corporificado e na experiência pessoal: Carol P. Christ (1997) define que a Tealogia começa com a experiência pessoal, sua relação com o corpo, com os outros e a vida. Pois existe uma sabedoria profunda na corporeidade: as emoções, os insights, a mística do amor, do erótico e do prazer de viver. Uma espiritualidade que preserve e nutra a vida (planeta) só ocorrerá com a revalorização do corpo-matéria.
Acredita na mutabilidade do divino: Carol (1997) alega que as religiões patriarcais criaram uma ideia de divino transcendental, retirado da matéria e imutável. Segundo ela, nessa ideia reside grande perigo, pois tudo que é mutável foi considerado uma ameaça, como a Lua, a mulher e as estações. Os deuses na Tealogia são mutáveis, morrem e renascem com os ciclos. Dançam, trazem êxtase, alegria e confiança na matéria.
Propõe a dissolução do dualismo clássico: A Tealogia propõe uma dissolução do dualismo clássico, criado pela filosofia masculina européia, a qual prega o antagonismo entre corpo e mente, masculino e feminino, luz e sombra, bem e mal, espírito e matéria. A Tealogia acredita que não há antagonismo entre essas categorias, e que uma visão unificada e holística trará cura a todos.
Prega a possibilidade de um sistema social pacífico e libertário: Segundo Carol (1997), a Tealogia propõe, enfim, um sistema pacífico e libertário, pautado no respeito à Terra, à todos os povos, à todos os deuses, à homens e mulheres, e à todos os seres/consciências (animais, vegetais e minerais). No conhecimento animista da Teia da Vida, cada território deve ser preservado, com suas tradições, numa relação de interdependência, cooperação e amizade.
Texto de Lídia M. da C. Valle
Mestra e Doutoranda em Ciências das Religiões, pela UEPA e UFPB respectivamente.
terça-feira, 21 de julho de 2015
Todas as Deusas são Uma!
Vamos começar com um texto simples, que me veio de inspiração por esses dias!!
Baseado em algumas referências que li (a exemplo, Raven Grimassi), tirei essa conclusão a partir de meus "delírios filosóficos" (como Lascariz gosta de chamar alguns insights de G.Gardner rsrsrs)
~~Cada Deusa (divindade), de cada panteão, tem sua personalidade própria, suas características únicas, suas correspondências (cores, aromas, velas, incensos, ervas) e sua história mitológica única também...Até porque elas são reflexo das características do respectivo povo que as cultuaram...É como se a característica dessa cultura "filtrasse" essa face (fração) da divindade que melhor lhe representava.
Porém tudo se integra no cosmo como uma única energia, que é composta desses infinitos arquétipos, cada qual com infinitos atributos...
É análoga a ideia de Unidade das filosofias orientais...Cada um de nós, somos uma persona, que ocupa um lugar no espaço, com uma mente, um espírito, uma identidade e uma personalidade...Mas em contrapartida, somos todos UM só na Teia do Universo, sem distinção!
Somos a mesma matéria (energia) em extensão, onde o micro (quântico) não enxerga fronteiras entre o que é uma partícula de uma cadeira e uma de você!... É um exercício mental pensar dessa forma, onde todos somos Um!..O mesmo ocorre com a Deusa (os Deuses), na visão Wiccaniana, e ao meu ver também.
(Grande Deusa; Deusa da Lua e Mãe Terra; Senhora de todo Cosmo)
Na própria mitologia de cada povo, se vê traços arquetípicos equivalentes...Como se eles (povos), mesmo sem contato, tenham tido experiências parecidas (análogas) ao se conectar com o Divino...Pois se baseavam na observação da Natureza e seus ciclos, então, é explicável!...E os ritos de passagem humanos também são análogos, todos passamos pelos processos de nascimento, desenvolvimento, descoberta, morte, etc...
É comum se vê, nos vários panteões, uma Deusa do amor, Deusas mães, Deuses de guerra, Deuses ligados aos elementos, Criadores (mães/pais) primordiais, a Saga do Herói, Disputas de Gerações, etc etc etc...
(Fonte da imagem: Superinteressante)
E as paridades não param por aí... Podemos ver também, como traços comuns, um Deus(a) ligado à colheita/caça que morre (ou ceifa) e vai para o submundo na época do inverno (como Cernunnos; Lugh; Tammuz; Mabon; Osíris, etc); uma Deusa que faz a descida até o submundo para encontrá-lo e/ou peregrina para resgatá-lo (Ishtar; Inanna; Madron; Ísis, entre outras); ou resgatar uma filha, no caso de Deméter que exige a volta de Perséfone do submundo...Deuses solares que sempre renascem no solstício de inverno como a promessa do retorno da primavera (como Hórus, Atis, Adonis, Hélios, Apolo, Dionísio, Mitra, Balder, etc)...Entre outras narrativas mitológicas.
Esses são insights mágicos, como chamamos, para os wiccanianos detectarem (e delinearem) as características mais acentuadas dos arquétipos Divinos, masculinos e/ou femininos, do Universo...É como se fosse um trabalho de "detetive" para conectar as "pistas" que os povos antigos nos deixaram pra encontrar o Sagrado!...Trabalho esse começado (ou desenvolvido com maior perspicácia e ênfase) por nomes como Margaret Murray, Gerald Gardner (ainda com influências de Aleister Crowley), Doreen Valiente, e seus contemporâneos e sucessores.
Mas cada narrativa mitológica traz sua carga própria, como já dito, totalmente ligado aos arquétipos levantados por aquele povo que os cultuou...A exemplo de Deusas do Amor: a narrativa de Ishtar, de Afrodite e de Oxum, por exemplo, são diferentes nas suas buscas e/ou encontro desse Amor...Logo fazer uma magia/[conexão com a energia do Amor] se dará de formas diferentes com cada uma dessas Deusas...É como dizemos, o Amor de Afrodite não é o mesmo de Oxum, que por sua vez não é o mesmo de Ishtar, e assim por diante...
É preciso, porém, se ter bastante propriedade do Mito daquela determinada divindade, e de suas respectivas correspondências também, para se ter acesso seguro àquela energia (arquétipo) com a qual você pretende se conectar...
(Deusas do Amor: Afrodite; Oxum; Parvati; Freya; Ísis)
Outro motivo para se entender as várias faces das divindades está no fato de a própria experiência humana com essas energias (no exemplo que estou usando, a vivência do Amor) nunca se dá da mesma maneira, nem para as mais variadas pessoas, nem para as várias situações...Daí a ideia da Manifestação da Deusa de várias formas, é como se ela tivesse se apresentado de uma forma diferente a cada cultura que a buscou, e cada narrativa mítica traz sua sabedoria própria!...Por isso a sabedoria de cada panteão "complementa" a sabedoria de outro, ao nosso ver...Ainda mais na nossa experiência de vida hoje, pós-moderna, tão múltipla e diversificada, a consulta aos vários panteões se mostram bem oportuna e enriquecedora!
Dizer, porém, que todas as Deusas são uma só (e todos os Deuses são um só; e a Deusa e o Deus juntos formam o UNO) não torna nenhum pouco simplório o estudo árduo e detalhado que fazemos (não só em leitura, também em conexão mágica) dos vários panteões e de cada arquétipo/divindade de cada panteão distinto... Justamente na tentativa de compreender essa diferente manifestação do Sagrado, essa imensidão de conhecimento e infinitas facetas do Divino e, consequentemente, como ocorre essa integração entre elas!
(Grande Mãe; Deusa tecelã; Senhora do Destino e do Cosmo)
Iemanjá será sempre Iemanjá, Ares será sempre Ares, Marduk será sempre Marduk, Gaia será sempre Gaia, e etc...Pois, assim como tudo é formado por 3 partículas atômicas básicas: prótons, nêutrons e elétrons, que se repetem em toda e qualquer estrutura de matéria, suas MANIFESTAÇÕES na Teia (e plano físico) são sempre (e extremamente) distintas...Madeira sempre será madeira, ferro sempre será ferro, pele humana sempre será pele humana, porém, há uma identidade de formação/estrutura (invisível aos nossos olhos) que as unem em um único tipo de matéria atômica e energia....Assim somos nós; assim são os Deuses; assim é a Deusa!~~
Lilith Aleen Lenora! ))o((
#Deusa #GrandeMãe #GrandeDeusa #Tecelã #DeusaTecelã #SenhoraDoDestino #TodasAsDeusasSãoUma
Baseado em algumas referências que li (a exemplo, Raven Grimassi), tirei essa conclusão a partir de meus "delírios filosóficos" (como Lascariz gosta de chamar alguns insights de G.Gardner rsrsrs)
~~Cada Deusa (divindade), de cada panteão, tem sua personalidade própria, suas características únicas, suas correspondências (cores, aromas, velas, incensos, ervas) e sua história mitológica única também...Até porque elas são reflexo das características do respectivo povo que as cultuaram...É como se a característica dessa cultura "filtrasse" essa face (fração) da divindade que melhor lhe representava.
Porém tudo se integra no cosmo como uma única energia, que é composta desses infinitos arquétipos, cada qual com infinitos atributos...
É análoga a ideia de Unidade das filosofias orientais...Cada um de nós, somos uma persona, que ocupa um lugar no espaço, com uma mente, um espírito, uma identidade e uma personalidade...Mas em contrapartida, somos todos UM só na Teia do Universo, sem distinção!
Somos a mesma matéria (energia) em extensão, onde o micro (quântico) não enxerga fronteiras entre o que é uma partícula de uma cadeira e uma de você!... É um exercício mental pensar dessa forma, onde todos somos Um!..O mesmo ocorre com a Deusa (os Deuses), na visão Wiccaniana, e ao meu ver também.
(Grande Deusa; Deusa da Lua e Mãe Terra; Senhora de todo Cosmo)
Na própria mitologia de cada povo, se vê traços arquetípicos equivalentes...Como se eles (povos), mesmo sem contato, tenham tido experiências parecidas (análogas) ao se conectar com o Divino...Pois se baseavam na observação da Natureza e seus ciclos, então, é explicável!...E os ritos de passagem humanos também são análogos, todos passamos pelos processos de nascimento, desenvolvimento, descoberta, morte, etc...
É comum se vê, nos vários panteões, uma Deusa do amor, Deusas mães, Deuses de guerra, Deuses ligados aos elementos, Criadores (mães/pais) primordiais, a Saga do Herói, Disputas de Gerações, etc etc etc...
(Fonte da imagem: Superinteressante)
E as paridades não param por aí... Podemos ver também, como traços comuns, um Deus(a) ligado à colheita/caça que morre (ou ceifa) e vai para o submundo na época do inverno (como Cernunnos; Lugh; Tammuz; Mabon; Osíris, etc); uma Deusa que faz a descida até o submundo para encontrá-lo e/ou peregrina para resgatá-lo (Ishtar; Inanna; Madron; Ísis, entre outras); ou resgatar uma filha, no caso de Deméter que exige a volta de Perséfone do submundo...Deuses solares que sempre renascem no solstício de inverno como a promessa do retorno da primavera (como Hórus, Atis, Adonis, Hélios, Apolo, Dionísio, Mitra, Balder, etc)...Entre outras narrativas mitológicas.
Esses são insights mágicos, como chamamos, para os wiccanianos detectarem (e delinearem) as características mais acentuadas dos arquétipos Divinos, masculinos e/ou femininos, do Universo...É como se fosse um trabalho de "detetive" para conectar as "pistas" que os povos antigos nos deixaram pra encontrar o Sagrado!...Trabalho esse começado (ou desenvolvido com maior perspicácia e ênfase) por nomes como Margaret Murray, Gerald Gardner (ainda com influências de Aleister Crowley), Doreen Valiente, e seus contemporâneos e sucessores.
Mas cada narrativa mitológica traz sua carga própria, como já dito, totalmente ligado aos arquétipos levantados por aquele povo que os cultuou...A exemplo de Deusas do Amor: a narrativa de Ishtar, de Afrodite e de Oxum, por exemplo, são diferentes nas suas buscas e/ou encontro desse Amor...Logo fazer uma magia/[conexão com a energia do Amor] se dará de formas diferentes com cada uma dessas Deusas...É como dizemos, o Amor de Afrodite não é o mesmo de Oxum, que por sua vez não é o mesmo de Ishtar, e assim por diante...
É preciso, porém, se ter bastante propriedade do Mito daquela determinada divindade, e de suas respectivas correspondências também, para se ter acesso seguro àquela energia (arquétipo) com a qual você pretende se conectar...
(Deusas do Amor: Afrodite; Oxum; Parvati; Freya; Ísis)
Outro motivo para se entender as várias faces das divindades está no fato de a própria experiência humana com essas energias (no exemplo que estou usando, a vivência do Amor) nunca se dá da mesma maneira, nem para as mais variadas pessoas, nem para as várias situações...Daí a ideia da Manifestação da Deusa de várias formas, é como se ela tivesse se apresentado de uma forma diferente a cada cultura que a buscou, e cada narrativa mítica traz sua sabedoria própria!...Por isso a sabedoria de cada panteão "complementa" a sabedoria de outro, ao nosso ver...Ainda mais na nossa experiência de vida hoje, pós-moderna, tão múltipla e diversificada, a consulta aos vários panteões se mostram bem oportuna e enriquecedora!
Dizer, porém, que todas as Deusas são uma só (e todos os Deuses são um só; e a Deusa e o Deus juntos formam o UNO) não torna nenhum pouco simplório o estudo árduo e detalhado que fazemos (não só em leitura, também em conexão mágica) dos vários panteões e de cada arquétipo/divindade de cada panteão distinto... Justamente na tentativa de compreender essa diferente manifestação do Sagrado, essa imensidão de conhecimento e infinitas facetas do Divino e, consequentemente, como ocorre essa integração entre elas!
(Grande Mãe; Deusa tecelã; Senhora do Destino e do Cosmo)
Iemanjá será sempre Iemanjá, Ares será sempre Ares, Marduk será sempre Marduk, Gaia será sempre Gaia, e etc...Pois, assim como tudo é formado por 3 partículas atômicas básicas: prótons, nêutrons e elétrons, que se repetem em toda e qualquer estrutura de matéria, suas MANIFESTAÇÕES na Teia (e plano físico) são sempre (e extremamente) distintas...Madeira sempre será madeira, ferro sempre será ferro, pele humana sempre será pele humana, porém, há uma identidade de formação/estrutura (invisível aos nossos olhos) que as unem em um único tipo de matéria atômica e energia....Assim somos nós; assim são os Deuses; assim é a Deusa!~~
Lilith Aleen Lenora! ))o((
#Deusa #GrandeMãe #GrandeDeusa #Tecelã #DeusaTecelã #SenhoraDoDestino #TodasAsDeusasSãoUma
segunda-feira, 15 de junho de 2015
Voltando à ativa com meu blog!!
Depois de quase 6 anos, decidi trazer minha página de volta! ...Todos os textos foram apagados, pois não refletiam mais minha forma de pensar e ver a vida xD ...O blog mudou de nome, de link, de conteúdo e de aparência...Tenho muitos assuntos novos que permeiam minha vida hoje, que deixam minha mente fervilhando, por isso gostaria de expressá-los, compartilha-los e debatê-los aqui...Virei Wiccaniana nesse "meio tempo" (desde 2010), muita coisa aconteceu..Estou prestes a me formar agora em Licenciatura em Ciências Naturais - Física, depois de tanta protelação >.<...E me tornarei Mãe *-*..Daí me veio a inspiração de trazer o blog de volta à vida, postando meus insights filosóficos, científicos e principalmente pagãos.
Produzi, aprendi e cresci muito nesses 6 anos de tombos e muitas alegrias!
E agora que retorno com o blog, com certeza ele tomará rumos extremamente diferentes do que teria a 6 anos,
Vamos ver no que dá agora né xD
(Muita coisa ainda será editada nesse blog)
Agora sou conhecida também como Lilith Aleen Lenora (nome pagão)!
É isso, minha gente,
Boa noite...e
Abraços à todos
Ps: Mando aqui minhas felicitações à Duana Aquino
Que me ajudou a criar esse blog, estava ao meu lado o tempo todo nessa época,
E a qual tenho muitas saudades e imensa gratidão!
Amo-te Duh.
Produzi, aprendi e cresci muito nesses 6 anos de tombos e muitas alegrias!
E agora que retorno com o blog, com certeza ele tomará rumos extremamente diferentes do que teria a 6 anos,
Vamos ver no que dá agora né xD
(Muita coisa ainda será editada nesse blog)
Agora sou conhecida também como Lilith Aleen Lenora (nome pagão)!
É isso, minha gente,
Boa noite...e
Abraços à todos
Ps: Mando aqui minhas felicitações à Duana Aquino
Que me ajudou a criar esse blog, estava ao meu lado o tempo todo nessa época,
E a qual tenho muitas saudades e imensa gratidão!
Amo-te Duh.
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